2.11.06

carta de finados.


my love,

da cama ouço um rumor de folhas secas rolando no piso de madeira. depois, o silêncio. quero espiar o mundo lá fora. a janela geme nos trilhos quando a abro. dá para ouvir? faz tempo que não te escrevo nada. talvez seja por conta do clima sub-tropical. talvez seja porque não me reconheço no que escrevo: as palavras parecem sentir mais do que meu próprio corpo faria. e as linhas fazem um estribilho, um eco de corpo-poema em cólera funda de tão sentido. mas não importa, porque faz tempo que não te escrevo, e os calendários nos mudam tanto por dentro. feriados, principalmente. o dia dos mortos me incomoda: todo esse silêncio lá fora. apenas as folhas murmurando um arranhado de comprido no chão, mais nada. pois bem, a mesa está posta. as luzes, acesas. ainda é dia, mas as luzes estão acesas. há um império de luzes aqui. embora por dentro esteja tudo à meia luz. alguma coisa se partiu, amor. noite pasada sonhei com cordas estalando forte, rompendo, rasgando de ponta a ponta o fio do escuro, o cordão de prata. e quando acordei eu soube: eu te perdi. te perdi pra sempre. e por isso não te escrevi mais. (apenas hoje, tua data)

3 comentários:

Anônimo disse...

Fico feliz por poder, de certa forma, participar deste momento. Parafraseando Rosa, digo que prezo-me dele, sem me envaidecer. tão lindo. Parabéns e obrigado.

Anônimo disse...

Queria poder apenas estar junto e pegar suas mãos...
did i said that i love you?

Anônimo disse...

o fã clube do Marcio só cresce!!!
heheehehe, merecidamente.
To esperando minha carteirinha de sócia! =)
bjusss!
Ah vc já sabe: amo. amo. amo. rsss

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