15.1.07

walls.


my dear,

por que essa impossibilidade me pressiona contra o muro? fiquei para te dizer do fundo o que fazer com os tijolos e o concreto armado, mas nem soube o que fazer por inteiro. é uma ruína este lugar. uma fissura me atravessa das costas até o continente dourado dos ossos. meus olhos já não dizem nada e é tudo. uma sombra, uma cinza, uma acha que o vento atiça. me acha tão triste ainda a ponto de? não me diga, o silêncio já me cobre de cobertores e estátuas de bronze. numa alameda as coisas são mais fáceis, brilhantes, chorosas e, ainda assim, floridas de êxtase. te escrevo destes arredores, do que desaba nas paredes sem reboco, do que me arranha nos cacos de vidro e nas pedras de brita. não, não é um lamento, mas a medida exata do meu fogo-fátuo, meu fogo feito. e se há fogueira, na chama azul crepita o ciúmes de uma vida inteira. não te conheço, por isso não te resolvo nos perímetros deste edifício, e apenas saio com dificuldade dos escombros e dos reparos do que não reconheço em ti. é um começo, mas não me coloca mais aos murros nestas paredes de gesso.

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