16.7.07

dreams 2


my dear,

um dia chegará o dia, eu sei. é quase impossível te explicar quando ou como. é uma sensação que te invade de dentro para fora. e você apenas sabe. e pronto. seu dia começará bonito e sonolento, depois um raio irá cortá-lo em milhões de pedaços de luz, te enchendo de eletricidade, lucidez e insônia. e será a hora mais especial e dolorosa de todas as outras horas, porque será preciso escolher entre ficar e partir, entre o agora e o nunca mais, entre voltar atrás e avançar lá longe. e quase sempre seu coração já conhece de olhos fechados a resolução. direita, direta, certeira. e quando tua mente entender que o teu corpo já sabe, um vagalhão de choro descerá pelas margens do teu rosto. e haverá medo. medo da morte e da morte dos que são mais queridos. medo do escuro, da solidão, do futuro. nunca mais a paz te invadirá de maneira tão mansa e serena, como num torpor, num êxtase ou num cansaço preguiçoso. as malas estarão prontas, mas não haverá nada dentro delas. nada de tempo para despedidas, acenos ou palavras. apenas a depuração dos dias e a recuperação das memórias: sorrisos, beijos, histórias. tudo que foi feito de errado. tudo o que foi feito certo. tudo que foi incerto se não tivesse sido feito. tudo parecerá terminado, embora não esteja de fato concluído. uma matéria bruta, uma estátua viva, a violência bruta da vida. feita a escolha, dear, feche os olhos e parta para a luta. porque os sonhos só se conquistam à força.

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