9.9.07

a carta do tempo.


dear,

(...) se um futuro se realiza, comete o suicídio do sonho. o futuro só possui razão de existir naquilo que não há. o futuro é o vazio, o vácuo, o nada vezes nada. preenchido com alguma matéria, torna-se uma realidade paradoxal - a presença de uma ausência - tanto quanto o passado também o é. no momento pontual que o futuro se realiza, duplamente está morto, pois é no exato segundo em que acontece enquanto presente e nos segundos que se seguem, transformando-o em passado, é que a realização desaparece no tempo. o futuro se irrealiza na sua qualidade de fantasia, desaparecendo dos relógios, embora nunca sendo extinto do espaço. de um espaço mental, do pensamento. o futuro, dear, é tudo o que não existe. por isso utopia e futuro são irmãs-palavras siamesas. o futuro, então, é tudo aquilo que desejamos de mais improvável. o futuro é o próprio desejo, no entanto, ele existe independentemente dos desejos individuais. não é preciso desejar para dar existência ao futuro, mas sua não-existência continua a operar no mais inacessível dos desejos. a esteira do tempo é isso: o futuro-desejo; o presente-não-desejo; e o passado, indesejável.(...)

2 comentários:

Alberto Pereira Jr. disse...

dear,

você está certo... o futuro é o vazio.. a incerteza e o não-tempo, pois sempre estará a frente de nós

Anônimo disse...

Tanto lirísmo faz, até, acreditar que o futuro realmente não existe. Mas prefiro, sobretudo, acreditar no avesso dos versos, num reverso.

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