12.1.10

fome

dear,

tenho uma fome desejante, muito delicada. tenho algo de necessário expandindo-se com violência de osso e de carne. na pálpebra, na costela, na mandíbula. sou eu e minha ternura agora. e apenas. não posso explicar, não consigo. não há gramática para descrever a linguagem da fome nem a sintaxe do faminto. talvez, se eu soubesse, haveria de funcionar a máquina do discurso, do desejo, explorar a capacidade de falar em língua. de traduzir a fala da língua em beijo. mas enquanto espero o que não vem, falo do corpo oco. falo do vazio estrangeiro. falo de mim, que não me entendo.

Um comentário:

Sérgio disse...

Se eu fosse um crítico poderia trabalhar sobre esse problema "do ser e do dizer", o que me daria imenso prazer.
Mas apenas sofro de um "excesso de paixão" pela obra do Marcio.Talvez porque esses textos não sejam apenas para serem lidos.

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