18.7.05

notas biográficas.



"no rastro dos remos, mundos de gelo.
o espírito do negro está em nós, nos peixes,
um tronco podre flutuando, pálido adeus"
sylvia plath [travessia]

eu não sabia que era assim. remos estraçalhados boiavam do meu lado, a vida era rastro e escuridão. e um som: eu sou eu sou eu sou eu sou. á água entrava no barco, quase me cobria, comigo já sem rumo, sem nada. foi você quem me disse, farol, acredita. e já não me vi lá embaixo, mas no alto da falésia, cuspindo um facho de luz. para ser guia, archote, caminho. é doloroso ser o lugar seguro da noite, tenho medo. mas o medo maior ainda é ficar lá embaixo, sendo lançado de encontro aos rochedos. atravessei a noite buscando amor. ele sempre vem de um lugar tão longínquo. antes de antes de nós. demora ficar diante dele, demora nos ver. brilha, farol. assim eu quero ser: bons marinheiros atraem bons ventos. cansado de mentiras, visto um casaco de capitão. vem, que agora quem te espera sou eu.

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