19.8.05

diário: considerações acerca do amor.



eu sei que morreria pelo amor. eu o procuro desde antes dos tempos e talvez ainda muito e muito depois. essa é minha razão: amar. mas o amor, vigarista, mente pra mim, me engana, se esconde, se finge - não o encontro. me encorajo, me encouraço: políticas de corpo, junto pedaço por pedaço, sampleando-me. corpo interrupto, estou acostumado a saber sempre do amor como interrupção, fragmento, impossibilidade. e entrando por esse labiríntico de passagens e lacunas, vou ficando doente, vendo de longe, de sopro os amores todos mortos sem cadáveres. no entanto que pulsão: sinto essa coisa fantasmática, meio sombra, meio eco me seguindo noite e dia. essa violência, esse vazio, essa solidão que me desorganiza. talvez o amor seja uma mentira, neverland, never more, um ritornelo, retrocesso, histórias de repente. amor, por que me magoa? seja mais doce do que me mostra, mais suculento também, não esse roer de ossos e tutano. espera: vou me preparar. quem sabe eu ainda esteja cru. e me preparo pra tua chegada e pra minha partida: desses trilhos magros e sem vagão.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote