17.8.05

[er]roteiro.cinema [i]mu[n]do.




fica fácil olhar as coisas assim: sentado no chão da cozinha, café solúvel espalhado por todos os lados, a água da geladeira dissolvendo tudo, piso branco, meio marrom, meio água, meio tédio, meio caco de vidro e sangue de aperto. nada romântico, quadro por quadro, se quiser um close up: na mão sangrando, dedo anelar; na cara de choro, olhos castanhamente estristecidos, meio brilhando; no vidro de café, em mil pedaços, um formigueiro aguado.
nada tão triste, mas desse modo mesmo.
quem sabe, música de fundo, algo meio jazzy.
ou um silêncio insuportável, entrecortado por uma coriza.
'não estou ouvindo'
'não, eu não estou'
'fala de novo, de outro modo'
'agora entendi'
ligado no modo prosaico: uma montanha russa: estou no alto da grande descida, não me olha, tenho medo. quando é que vai parar? [quem sabe entro num túnel, viro personagem da caverna do dragão, não volto de jeito nenhum].
'você volta?'
'entendo'.
fica fácil rodar as coisas assim: repetição [tendência freudiana da memória?] ou reconhecimento [reconheço aquilo que conheço que conheço e que não esqueço]: cena 2, despedida 57. que vida amorosa curta-metragem.

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