15.8.05

notas: cardiobiográficas.



não estou grafando a vida: muito complexa, longa e sem data para este meu corpo de texto. posso até pensar no porvir, embora de forma vaga, meio bruma, meio não-se-sabe-continuando. não penso no que vem depois da noite, nem depois da morte, só sei dessas carícias de desejo pousando no ouvido, nos lábios, nos cílios. [o desejo é vontade pretérita. que horas são? as horas já se foram no tempo do desejo, do ficar pensando teu sopro]. pois bem: na verdade estou desescrevendo o que não morro, porque não sei escrever, vou apenas grafando com artérias essas letras. ultimamente tem sido um trabalho muito venoso. por que não morde meu pescoço, lambe meu corpo, respira em mim? me ortografa numa escrita de amor, sem demora, sem rascunho.

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