6.10.05

notas de caderno terapêutico.


esqueci que sempre eu esqueço das coisas. vivo guardando papéis e livros nos lugares mais estranhos. e não é porque eu quero. falta lugar para tanta coisa. faço um movimento e quando vejo, todos os lugares já estão ocupados: dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, não é? e equivocadamente sempre chegam na minha frente, ocupam seus postos, olhar de sentinela: isto é meu, aquilo também. quanta propriedade, meu deus.
...
encontro um livro que nem sabia mais que era meu. dentro um recado: 'te sinto em descompasso, amor. por isso estou partindo, mas saiba que você é especial'. levaram a risca o que estava escrito, e o ponto depois de tudo foi mesmo ponto final. descompasso. estou andando rápido demais ou vagaroso por muito?
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"te acalma, minha loucura!" {ana cristina cesar, só podia ser] você é especial, tiro bem macio.
e o que me tira daqui? esse alguém que me ensina a esperar mais. aprende, menino, aprende que a expectativa é sempre a quebra do sonho, lugar onde o vento faz a curva e que você não acha nunca. expectativa é fantasia, conto de fadas. é mesmo? acredito.
...
espero.
tenho descoberto tanta coisa.
acho que estou feliz.

[queria ser art nouveau]

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