10.11.05

diários. espera e insegura.


há anos eu não tenho uma história de amor. apenas adivinho seu significado mágico e transformador. falo desse tipo de força que escava o leito de um rio ou que molda as rochas com o tempo. tanto tempo faz e ainda não perdi esse sentido poético de espera, de entrega gratuita, de desejo. e me pergunto se é porque eu não estou preparado que o amor não acontece. se mesmo que tudo o que eu tenha feito até hoje sejam exercícios de preparação para o amor, porque ele ainda não vem, não me espera, não me encontra? e se me espera porque ele fica na sombra, e se me encontra, por que não fica, cola, gruda? coloco as coisas de volta ao coração, recordo. e só pego fiapos de tempo, restos de beijo, ossos. e reviro mágoas como quem atiça o fogo. recordar é quase reviver. e me vêm à memória tantos pedaços de história, sem começo nem fim, apenas pelo meio. recolho fragmentos e farpas e sei que não é de amor que são feitas essas histórias. porque se fossem, não sei em quantos vagões de locomotiva precisaria eu guardar tanta coisa. nem sei quantos cavalos de força precisariam trotar pra levar a minha vida toda. mas esses pedaços de que digo, cabem todos nas costas de uma pluma. de onde estou eu não exergo nem pontes nem estradas. e me vejo tão só. tão sem nada. e o que eu faço então? vou atrás ou espero? ou me deito, fingindo fazer os dois? o quanto percebo que meu caminho não se cruza com nenhum outro. fica lado a lado, e não me olham quem vai do outro lado da estrada. é apenas triste e solitário. [mesmo que você não saiba o quanto na verdade isso significa: apenas é um mundo inteiro]

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