14.6.06

carta e temp(l)o


my dear,

depois de nossa última conversa também não consigo dormir. pensei em muitas coisas. tive vontade de te ligar no meio da noite, mas já não havia noite quando meu braço alcançou o telefone. não sei por que, gosto muito de falar no escuro: é a hora das revelações. depois que amanheceu, não tive vontade alguma de abrir a boca. e nem sei exatamente o que há - de repente tudo mudou. segui descobrindo coisas, e medo, medo de olhar pra trás, olhar de novo. a beleza é dolorida, saiba bem disso. é como engolir uma serpente de fogo, músculos crepitando por dentro e pose de quem está tudo bem. o amor também é dolorido, mas necessário. bem falando é um masoquismo. ou quem sabe seja outra coisa, mais branda, mas não menos dolorida: renúncia, uma renúncia quase demiúrgica. por isso acho que o budismo deve ser o próprio amor. o nirvana não seria outra coisa senão a renúncia absoluta; inclusive desse império abstrato do coração. sem pulsar doentio, sem dor ou culpa. dear, senta comigo, medita também. vamos pensar no amor juntos, fazer amor, quem sabe, por telepatia. transcendental, oriental. (agora que tudo mudou. por fora. nunca por dentro: sou o mesmo ainda. era tudo raiva o que escrevi antes.).

Um comentário:

Anônimo disse...

Renúncia absoluta. Idéia perfeita.
Amo vc.

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