19.7.06

carta efígie.


my dear,

coroas, mentiras, loas. rainha dos cárceres da língua que me lambe. um passo errado de valsa, dear, e você perde a graça, o rosto faz uma ruga, o corpo transpira e fica sem graça. ficou um gosto de machucado, sim. cheiro de band-aid suado, gaze e atadura. e eu não quis saber. todo mundo sabe pra que servem as mentiras. então não perguntei. no lugar do coração, eu devo ter um torrão de açúcar. logo me desmancho. o choro veio subindo, sufocando: uma hemorragia. por que não visto de vez uma couraça de aço escovado, brilhante e inatingível? por que não encho logo o coração de bílis, deixando tudo verde e amargo? estou cansado de amanhecer os dias cheio de cicatrizes, palavras mal ditas, mentidas. dear, me faz uma ponte de safena, desvia minha pulsão visceral, deixa meu coração encher, mas sem bater. ou que o faça. apenas por quem valha a pena. (...)

estou dolorido. e cansado. por favor, onde quer que esteja, canta tua canção de fogo. carboniza meu corpo. me deixa descansar a sono solto. eu posso ser infinitamente menor que esta ilha, mas meu amor, dear, é maior que a américa latina. e creio que não saiba o quanto a ausência assombra minha vida. todos os dias peço a deus que não me naufrague, que não me atire nos recifes. mas que acenda o grande farol de ouro a fim de guiar todas minhas noites de embarcação à deriva.

(...)

e foi assim mesmo. ilegítimo. falsificado, o amor. isso não é uma confissão, baby. é uma inconfidência. cheia de fúria. e desgosto.

beijos.


3 comentários:

Anônimo disse...

Eu repito:
Você é muito intenso quando escreve.
Me faz sentir as palavras e até a dor.
Amo.
Beijos bunny!

Anônimo disse...

(...)
estou ali..

Anônimo disse...

Quanta amargura.
Quanto sofrimento.

Quero saber.
Quero te entender.
Queria te ajudar.

Beijos.

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