9.9.06

carta campograndense I



my dear,

há uma diferença entre ser e o que poderia ser. e nessa possibilidade de outro futuro é que reside a ficção. nossas cartas moram aqui, baby, no que invento. talvez não apenas nisso, mas no lapso das horas, no registro do tempo de um coração em chamas [pense nas girafas de dalí, quando quiser lembrar de mim]. escrever cartas é como escrever fábulas: o que te entrego não são patos tristes, feios e selvagens, mas os reflexos dos cisnes negros da oceania. eu escrevo os pathos nessas linhas segundo uma distância de reflexos e de continentes. ser e o que se pensa que é. mas ao contrário da bondade fabulesca, esse discurso não tem moral. é imoral, amoral. então não se prenda ao que as cartas dizem: a única verdade que exprimem é a do sentimento exilado que cala e consente a cada ponto final. a emoção pode ser verdadeira, embora seja feita não do reflexo, mas da refração no mar: um cisne choroso e quebrado que me olha com solidão. amor, confesso que quase sempre te escrevo de dentro da escuridão dos cisnes. e, às vezes, ao som de um bater violento dos corações de girafa. (a mentira é uma verdade mundana).

Um comentário:

Anônimo disse...

To tentando todos os recursos pra ti pedir desculpas...
eu anum keria deixar vc nu vacuo... foi mau... mesmooooo...

Pesquisar o malote