my dear,
mais um desaniversário. é tão alegre quando seus amigos não estão presentes num momento tão desimportante. o hoje está desprovido de importância, ínfimo detalhe biográfico que não entra em pauta. os jornais se enchem de notícias. as manchetes não dizem nada e é hora do chá. estou atrasado profundamente. que tal um jogo de cartas? traga bebida e papel, vamos desenhar os naipes, carimbar os versos. as cartas estão marcadas e eu tenho sede. hei de viver até o colapso mundial da água? homens lavam os carros nas calçadas, mulheres lavam as calçadas, crianças se molham até as calças. e água e chove e jorra sangue dos meus dedos cortados de vidro. próxima rodada, tu escreve. na próxima sou eu que faço as copas. tiro um ás da cartola, tiro rei das mangas e enfio espadas pelas gargantas. coelhinho sai da toca. quem é? batem na porta, caio na toca, saio do buraco. olhinhos vermelhos, orelhas compridas: sou um coelhinho. sua vez: descarta: é uma cilada pra roger rabbit. mancharam os papéis, jéssica. é dia de festa, não me importo. vamos tomar chá até as bordas?
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