24.9.06

carta mexicana.


my dear,

as gengivas sangram, mas o coração ainda é o mesmo. a fragilidade continua sendo indicada na caixa do correio por símbolos concretos. por dentro, um acúmulo de abstrato enrolado em plástico bolha. há uma encomenda de sangue que os carteiros não me deixam entregar. e devolvem tudo às cusparadas. queria mostrar para todo mundo o que desapareceu por trás da pele, do poste, do manche. em qual superfície pública eu publico essas notícias? e em qual grau de sinceridade? o mais universal? não há quem não entenda a linguagem do sangue. o povo ama o espetáculo e faz rodinha para ver. mas por certo terão medo quando desenfaixarem tudo: a ferida é uma outra história. depois todo mundo vira a cara, chupando drops de caramelo, fingindo nem ver. a invisibilidade me mata por dentro. mastigo as maçãs e vejo o sangue aos bocados. estou farto. o coração ainda é o mesmo: tum tum tum de tambores e amores sem música. me tira daqui, por favor? o que me aborrece é não saber em qual esquina eu te encontro. (caixa de papelão. 513a. ao portador)

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