16.2.07

fim da linha.


honey,

os dedos tocam o espelho, então eram impressões de sangue na louça, na roupa, no vidro. me cortei fazendo a barba. cada um destes sinais era o vestígio de uma profecia. não te vi ontem nem hoje. não te vejo há tantos dias. e tudo está tão fora do lugar, sem alcance ou chance de acontecer. sofri a tortura dos lençóis me embrulhando em pesadelos de fitas e flores azuis. pesadelos enfeitados com cartões sem nome e caneta vermelha sulcada forte. linha por linha um canal de sangue, um mar vermelho, uma travessia. no meu rosto, um corte é a dor que o espelho devolve para o meu olho. (não me machuque mais, por favor). desta vez será a última. eu juro. outra vez me atrevo a dizer que afundarei os barcos com a bandeira desfraldada. sem resposta, anjo exterminador. uma das cordas da ponte arrebentou. mesmo insegura eu poderia, mas você deixou. qual trem parador com destino coragem não te pegou? uma covardia mata um coração e ainda dança por cima dele. mundo mundo vasto mundo. achei que já tivesse aprendido a lição. anjo da guarda, extermina a dor com seus escudos e brasões, penetra a lança no mais fundo da ferida, me dilacera e me leva junto? pois que pode um cavalheiro fantasma fazer no meio da multidão? amar. amar e esquecer. esquecer do amor. e saber ilusão cada voz de oráculo. (faíscas azuis. sonhos & sangue. acabou).

3 comentários:

Anônimo disse...

eu aprendi com a sandra bullock em algum filminho romântico desse por aí que: começos são difíceis, finais geralmente são tristes, mas é o meio que conta a história.
e ao ler essa carta eu me lembre de um final de algo, o rompimento da ponte talvez tenha me feito pensar nisso. também vi saudade e sofrimento no sangue. e talvez uma raiva da distância, da impossibilidade, do que te faz longe, do que torna as coisas inviáveis.

ah, eu também achava que havia aprendido a lição. é muito fácil especular sobre o trem quando não se o vê na estação, quando ele chega é que traz o nervosismos, a ansiedade, a inquietação, não?

:)

saudade de você, mocinho.
não corra
não bata
não morra.

Anônimo disse...

*desses.
*lembrei.
*nervosismo.


(deslizes)

Anônimo disse...

...que pelo menos a verve poética não pereça, porque meu coração está partido.

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