10.4.07

carta de retorno


my dear,

voltei atrás nas minhas promessas. definitivamente eu não posso seguir aos som das cercas que me fecham. não retornar é como ser infiel a mim mesmo. eu me cuido e me consolo. isto é isto. aquilo é aquilo. consigo ver todas as coisas com o tempo. admito agora que toda viagem é feita de incertezas, caos e serenidade. estou a caminho do meu paraíso. com ou sem o que eu quero. sei que as condições climáticas não são boas. houve rajadas de vento e tempestades alguns dias atrás. mas também já fez sol alto e dias lindos. como na primeira vez que aconteceu de eu apontar completamente cego o mapa com os dedos. voltei atrás nas promessas e quis ver novamente o meu bem. impossível me afastar. sou feito inteiro de intensa negação. um problema para os segredos e as vitórias do dragão. algo sempre não o é para ser. eu nego várias partes, sobretudo as partidas. voltei atrás porque não sabia mais viver de aceno e esquecimento. eu precisava todos os dias fechar caixas e cercas e vedar os ladrilhos do piso. também colar gaze e band-aid nos arranhões que ficaram de surpresa. eu sei que a fragilidade pode ser uma especiaria indiana, como igualmente sei que é o que mais nos deixa violentamente silenciosos. imersos no vir a ser, curtindo a refeição que vai pelas bocas dentro em pouco. eu digo: voltar atrás é uma humildade, coisa para quem usa sandálias franciscanas e sofre todo tormento possível. eu estou a meio caminho do meu zen paradise. santiago de compostela na via crucis do meu corpo.

Um comentário:

Anônimo disse...

A aventura da experiência humana através do tempo. A aventura da experiência individual da paixão através de um tempo que é subjetivo e que descreve uma narrativa de ilhas de memória cujas pontes ora se deixam ver, ora permanecem submersas, perceptíveis apenas por referências finas.

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