5.4.07

criptograma.


dear,

no meu paraíso zen budista nascem flores demoradas de física quântica. as palavras vêm penduradas em pétalas roxas ou embebidas no orvalho das açucenas selvagens. e eu tomo banhos quentes, demorados, relaxantes, extinguindo até a última gota do suor dos tempos. eu sou eu. eu sou O eu, essa coisa indefinida e sem nome que vigia os espíritos e os fantasmas. O eu também vigia as camas, sentado na janela das casas ou na sacada dos apartamentos. ele tem ciúmes, mas não tem nome. tem um rosto, mas não tem cheiro. com suas garras O eu sai pelas noites do mundo a caça de algo. ele quer algo para amar. é um tigre faminto. rajado, raiado de fios de ouro e tormento. ele arranha um corredor de portas, engasta a garra num carrossel. O eu é um crescendo por dentro, uma sinfonia de orquestra russa. vivendo dentro dele eu tenho as noites tumultuadas. durante a madrugada padeço de um estado tenso de vigília. não estou acordado nem realmente dormindo. é porque eu ainda resisto ao O eu que explode, cresce e me solta como um exoesqueleto. O eu não sabe, mas tenho tanto medo de dormir menino e acordar homem feito.

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