12.4.07

a fome.


my dear,

os homens todos cabem no mundo, mas o mundo inteiro não cabe num só homem. as coisas parecem ser sempre assim, quase nunca diferentes. os homens estão pelo mundo e o mundo não está nos homens. os jornais passam fome inventando histórias. as histórias da fome dos homens. a solidão dos continentes, alertam as manchetes. e só dizem o que todos já sabem. há algo de feroz e voraz que ninguém conta. mesmo os números. um menos outro menos outro. menos outros. o mundo é feito de coisas que não estão nele. alguém senta ao seu lado num banco de ônibus. as duas pessoas não se olham. não estão sentadas ali compartilhando o mesmo banco. o mundo é feito de homens invisíveis que nem se olham nos olhos. homens que deixam os reinos para os cegos, reis filósofos das verdades sem vistas. eu perco de vista a quantas vão esses homens. tenho medo de dizer, embora seja a mim que tenham confiado o segredo. eu fecho os olhos e te digo: os homens não estão sozinhos no mundo e mesmo assim a solidão do mundo está em cada um deles. é a única coisa que lhes cabe como escolha. a solidão, dear, é uma fome voluntária. e há quem se acotovele na fila dos ossos quando bem sabem que em vários lugares a carne é fresca, bem tenra, de sabor excepcional. a fome também pode ser um medo. ainda não sei do quê.

Um comentário:

Unknown disse...

coelho,
sinto saudade sua...
beijos
rino ;)

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