1.7.07

adiós mundo cruel


honey,

tantas coisas têm me passado pelos olhos. meus sentidos, alheios à sombra de uma flor. estou na escuta de um sem número de corações em disparada. acho que quase sei o que é. o não-anterior afeta o acontecimento do mundo. o anterior está morto, o posterior, in vitro. pela janela de vidro vejo o mundo me afetando por dentro. estou mudo no nada. meu silêncio galgando o nada é uma quebra abrupta no vazio. um buraco negro, uma memória queimada. tenho tido sonhos inquietantes: quando o sol se esconde por trás dos muros, os guerreiros vestem quimonos de luta; os desejos despem os amantes atrás dos biombos; uma bomba atômica, resnais, mon amour. o que eu posso fazer aqui dentro? é o tempo, o tempo me alisando os cabelos, me engolindo num espelho côncavo. se eu não posso te dar em troca o meu corpo, então o presente é inaceitável. meu corpo é uma dívida interna. não posso mais. uma vida é medida pelo seu sentido. também pelo seu silêncio. é bem verdade agora o que disse: ninguém é feliz. a felicidade aparece em pequenos choques, arrepios, desastres. toda felicidade é uma forma de catástrofe. instantânea e volátil. entre um choque e outro não somos nada. apenas estamos perseguindo a excitação de um segundo, como um viciado. tantas, tantas coisas precisam de uma solução final. eu já tenho a minha (mas escuta, não me censure, é segredo). adiós.

2 comentários:

Anônimo disse...

O coração do poeta é lugar da memória sonho. E o que o poeta escreve lemos tardiamente. Memória coletiva a nossa, tristemente. O Marcio nos encompassa. Blisssssssssss.

Alberto Pereira Jr. disse...

"o anterior está morto, o posterior, in vitro."

uma das frases mais profundas e poéticas que já li.


Sempre demais!

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