19.9.07


dear,

escrevo cartas sem nome, também sem desejo algum. mergulho sem sede no espaço-tempo, cuspindo todo o ar que engulo durante a queda. não há sentido, nem pedidos, muito menos cartas ou ameaças. havia um nome para isto antes. hace muchos años. depois fui inventando os nomes pelo avesso, rasurando as letras desde o começo, vomitando feixes de fonemas. cheguei a pensar que estava livre e limpo daquilo que não queria mais. mas faz pouco, muito pouco tempo que o retorno de um alfabeto esquecido se deu. e agora os desejos violentos querem a todo preço a casa em chamas e o coração em ruínas. não me entrego. pouco me importo. tudo que não tem nome não tem lugar no mundo. não há signo para o insignificante. não há discurso para um rio que por vezes se enche das vozes e corre seco. eu estou bem, muito bem fora da loucura e das ditaduras que não valem a saliva. devolvo as palavras todas como quem declina as letras equivocadas de uma mesa ouija. fantasmas são fantasmas, mortos ou vivos. por isso escrevo cartas sem gosto, sem destinatário nenhum. hace muchos anõs. no conozco más el nombre de los muertos. y sin nombre, no me interesan más .

Um comentário:

Anônimo disse...

vomite as palavras mas com vontade, respingue sobre todos, deixe secar e sinta o seu cheiro.

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