4.9.07

a epifania.


dear,

depois de tudo o que eu disse, seguiu-se uma grande explosão. eu estava me sentindo sufocado, fechado numa caixa torácica esmagadora. mas para tudo há um lado bom, um deus ex-machina. não é à toa que minha espiritualidade está em alta: fantasmas e presenças consoladoras rondando a casa, derrubando coisas pelo quarto e me acordando, me seguindo pelas esquinas e pelas calçadas. já não tenho medo. não mais. existe tanta paz quando deus volta a habitar o de dentro. antes, eu estava jurado de morte. um signo vazio de espírito santo e das carnes do verbo criador. agora, com o retorno do eterno, estou jurado de vida. me perguntará você quem colocaria a mão na bíblia para conjurar a imortalidade. respondo que ninguém. estar jurado de vida é retomar o começo de uma mortalidade agradável demais, é significar os fragmentos nonsense de uma vida, é não colar-se à pressa dos destinos e das profecias. mais ou menos como entrar no tempo das antigas divindades, no prototempo da criação e do caos do universo. jurado de vida, portanto, eu volto a me expandir indefinidamente pelo universo. deixando de me contrar todo para dentro, correndo o risco de uma vida de buraco negro. agora, dear, voltei a ser o enigma negativo, isso que eu sou: aquele se que se revela antes de ser codificado, uma resposta sem pergunta alguma. o que me faz dissociado em segredo do desejo e segredo do objeto. eu-objeto, meu desejo: amor e paz.

2 comentários:

Alberto Pereira Jr. disse...

um enigma lírico, talvez...

amor e paz: o desejo eterno da humanidade.

Anônimo disse...

Amor e paz são palavras distintas, ou como naquele poema:

“Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.”

Uma é beligerante, psicodélica, que transcende toda espiritualidade que a limita de fato, já a outra, tenta ocupar e dar espaço ao ócio que muitas vezes contamina e não chega ser criativo.
Mas os desejos, estes sim...são apenas desejos.

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