11.2.08

partida.


dear,

não sei porque preciso ir embora. não acho que esteja tarde para partir tão logo. pelo contrário. pode estar cedo demais para tantas coisas. e antes que fique partido, melhor a partida de um homem só com um pouco de antecedência. conferi os horários dos trens três dias antes. mas meu desejo era ter deixado ontem mesmo a cidade. pois agora partirei a qualquer minuto depois do seguinte. não se pode viver por muito tempo em uma metrópole mental com sonhos demais por quilômetro quadrado. é um perigo sofrer a violência dos projetos te assaltando a cada esquina, a cada palavra escrita, a cada espera ansiosa. não faço a mínima idéia de que horas sejam, mas entendo que o tempo demora muito mais do que o habitual. nesse espaço-tempo é hora do rush dos pensamentos - um tráfego intenso e igualmente perigoso. não se pode ficar sozinho num lugar assim. nenhum dos faróis funciona e ninguém sabe a hora de parar. ou talvez apenas eu que não saiba. então é melhor dar meia volta, abandonar o trânsito, deixar as ruas engarrafadas e as janelas com vista para os subúrbios. é preciso diminuir a velocidade, olhar apenas de soslaio, exigir o mínimo de atenção. aprender que a letra não caminha junto com o espírito. e esperar que, with a little help from my friends, tudo fique bem. na verdade eu não sei porque preciso ir embora agora.


(na verdade, eu não quero. talvez eu nem possa mais.)

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