12.8.08

amnésique


honey,

até que a morte nos separe é um tempo que não quero suportar. preciso de imediato que os objetos e as pessoas desapareçam, que o pathos seja reduzido a pedaços, a pó, a poeira, a nada. que o fim do corpo seja a dobra limítrofe, o todo-fim das lembranças, é algo que não posso. também não creio que eu possa empurrar continuamente a memória para o passado, deslocando-a de sua origem no presente e de sua aparição fantasmagórica no futuro. preciso descobrir como evocar o esquecimento voluntário, provocar a aniquilação do já-sido, apertar o reset mental. desvendar a chave de deus que me permita borrar, apagar, rasurar e desfazer histórias e permanências. adivinhar onde fica o ground zero. ter a coragem terrorista para destruir o edifício e o signo duplicado pela recordação. colossos de silêncio, façam de minha pele as barcas para o lethes, let me be the no one., embebido, embriagado, afogado nos destroços. deixem, please, que as memórias se desprendam do meu rosto, para cairem como seixos redondos no fundo do rio. por força e vontade, permitam que eu me esgasgue com os vômitos, os refluxos daquilo que devorei e do qual não quis me alimentar. estiveram à força por dentro, os pensamentos, os apontamentos, as projeções de um video mudo. honey, me deixe inventar o caminho da desistência, mas desista também de mim para eu abandonar o que permaneceu. e que seja antes da morte, antes dessa separação de linhas e fardos fatos de condão.

Um comentário:

ROSA E OLIVIER disse...

Hello baby...for you..."eu te amo, perdoa-me, eu te amo."...!?...kiss

Pesquisar o malote