1.8.08

mal me quer. bem que quer.


honey,

quando algo finalmente desaparece é que nos damos conta de que existiu. talvez seja assim, não de outro jeito, assim mesmo. por isso fiquei repetindo o silêncio em todas as noites exaustas de palavras e sons que vieram depois. e sentia a presença de sua ausência. para uma ausência cada vez mais presente, distante, misteriosa. creio que não saiba do sabor que tem seu nome, do saber de fora a fora que tenho do seu sobrenome. por dentro eu pulo, viro sujeito oculto, de costas para o egeu. o mar por aqui seguiu fazendo barulho. o tempo seguiu fazendo frio. tudo seguiu, mas eu parei. paralisei o corpo & o sangue, as voltas noturnas, as dobras do olho, as sobras do jantar. tudo parou em mim quando desistiu de me amar, quando desistiu do mar, do ar, do meu hálito no seu. pois saiba que de lembrança, atenas virou teto; o seu quarto, o meu. talvez seja este o cúmulo do amor e do terror: repetir sua esquiva e sua violência todos os dias. e muito muito depois. não pense que é porque tenho paixão pelo impossível, que não largo, não me entrego, não nego o que sinto. mas me machuca, quanta ferida há, meu deus, nesse seu movimento de abrir a mão, proibir e me evitar. quase como uma réplica, é você quem faz a volta ao mesmo dia, anterior a tudo, como se nada. eu sei, antes éramos amigos, cúmplices a sós, erámos nós amantes bêbados e também dois corpos molhados de chuva. só quero que me diga a verdade. faz tão mal pensar em mim & sonhar, tudo porque desceu o mapa por quilômetros de distância, para esse lugar que desconheço e tenho inveja, raiva, ódio e desprezo? tudo porque é essa cidade mínima que guarda o meu máximo, o meu prêmio, a parte sua do meu beijo que entristeceu. queria pedir tanto para não desistir, mas já me perdi, já pedi a deus, sobre todas as coisas, já pedi em vão, pelos vãos, pelas frestras, pelos rastros de sua pele naquele apartamento em que chorei tão dolorido. volte, volte, volte para mim, baby, é tudo o que peço & rabisco & rascunho & recorto. talvez você pense que eu não compreenda a mágoa e solidão. compreendo sim, a minha e a sua, quando não estamos juntos. nos meus desejos, em breve estaremos juntos de novo. mas se você quiser, e me pedir com o inteiro amor, nunca mais estaremos juntos outra vez. eu disse que te amava. e te amo. mas também te quero. muito. mesmo que para você, eu tenha desaparecido.

Um comentário:

Alberto Pereira Jr. disse...

é fato, só damos importância qdo perdemos

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