26.1.10

o retorno do tigre


dearest,

eu estimulo um coração a se aproximar do ideal? eu vocalizo a parte clássica do amor a fim de produzir aparências que o mundo poderia ter sob certo reinado? pareço querer elevar o espírito até a vertigem? pareço lavar os pés de um apóstolo morto, condenado, desconhecido? parece que invento a pequenez de um homem ou que dou forma e cor ao uivo, ao gemido, ao grunhido? posso ser culpado, sim, da sedução pela grandiosidade. falo sempre com a voz solene e misteriosa. em verdade eu digo: o sacrifício exige método: o da impotência. não sei mais que tirar faíscas da palavra. não há nada de fogo nem movimento de queima. entrei novamente nos dias do tigre, da febre. e já vejo por onde passo: manjeiricão amassado, hibiscos coloridos e óleos perfumados.

4 comentários:

Anônimo disse...

na paisagem, o tigre parece um cão que guarda seu dono. É fiel, mas não sabe a que horas o perigo pode rondar. e eu: não sei se o amor pode retornar.

Anônimo disse...

na paisagem, o tigre parece um cão que guarda seu dono. É fiel, mas não sabe a que horas o perigo pode rondar. e eu: não sei se o amor pode retornar.

Anônimo disse...

Tens razão, você fala sempre com a voz solene e misteriosa...

Daniel disse...

O tigre tenta rugir, mas qualquer tentativa é superada pelo silêncio.

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