1.2.10

a cor do tigre


dear,

estou esgotado de ser o que os outros não são. se as diferenças me permitissem um significado, uma origem ou fim, meu estado não seria assim tão febril. não consigo apreender as coisas do mundo durante a doença, não conheço meus caminhos. tudo é difuso. me perco. neste instante, perdido, os segredos adquirem corpo e começam a andar pela cidade, começam a fazer figura de voz na civilização. minhas fraquezas são segredos com vontade de gritar. por que dar-me aos passantes e compartilhar com eles o que é apenas meu? quero com toda a fúria a cor flamejante, laranja, do tigre. por isso há sortilégios e enigmas pendendo do texto. por força e consequência, estou exercendo a incapacidade humana de compreender. o vento, um tigre, o coração. compreende esta ternura? pressente que meu espírito queria um império e conseguiu apenas ser o imperativo? culpa da insistência do medo, da distância e da velocidade. culpa de mim, que não me soube desde o começo, que não instaurei a cor antes do que a ela é oposto.

6 comentários:

Anônimo disse...

o tigre: uma trilogia com o rugido da palavra estilhaçada de amor?

Anônimo disse...

Enigmas.. e mais enigmas!!!

Sérgio disse...

Bonito texto, repleto de aleluias e agonias. O tigre articula esses extremos ao mesmo tempo em que parece desagregá-los.
Aleluias do amor, agonias da fome. O tigre não sabe amar? O tigre é um exímio caçador? Qual cor lhe falta?

Anônimo disse...

Cadê aquele moço q possui don com novas postagens...? saudades

Rose disse...

oi meu amor, tudo lindo por aqui como sempre. O meu humilde espaço tb mudou, mas vc está linkado lá, viu? E na minha vida tb, pra sempre.Sinto saudades.

"estou esgotado de ser o que os outros não são" ... obrigada por traduzir-me. Eu te amo.
Rose

Anônimo disse...

publica mais texto logo... sua palavra me faz tanta falta

Pesquisar o malote