dear:
eu entrei no apartamento por um minuto. era tarde para os discursos e os sortilégios. ou simplesmente algo tarde demais, feito da fadiga das passagens de sol. foram os primeiros momentos de uma febre. eu tenho que confessar: ando escrevendo demais com o corpo. as bordas já não cabem mais aqui. a temperatura deixa o papel úmido e único. nem um só verbo sai sem queimar. nenhum substantivo deixa de atear fogo. é das fotos que eu quero ver o retrato, o registro objetivo de um corpo a corpo, um recorte de 3x4. avisei mais de trezentas, trezentas e cinquenta vezes: estou disposto a qualquer forma de amor mistificadora. ou qualquer paixão que me incendeie. se você me deseja, produza a cadência de um encantamento. flauta, oboé, fagote: essas são as escolhas de instrumento e princípio. minha maior nudez você encontra nos meus textos, não no começo contido da minha pele. nem no meio. eu entrei no apartamento e da janela quero ver:
2 comentários:
como chora de saudade quem ouve os lamentos da paixão incendiada na música.
Da janela consegues ver um corpo qualquer, uma beleza humana misturada às outras faces da rua?
a paixão pode não ser exatamente alguém, mas talvez a construção do olhar do espectador...
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