8.4.10

da janela do apartamento


dear:

eu entrei no apartamento por um minuto. era tarde para os discursos e os sortilégios. ou simplesmente algo tarde demais, feito da fadiga das passagens de sol. foram os primeiros momentos de uma febre. eu tenho que confessar: ando escrevendo demais com o corpo. as bordas já não cabem mais aqui. a temperatura deixa o papel úmido e único. nem um só verbo sai sem queimar. nenhum substantivo deixa de atear fogo. é das fotos que eu quero ver o retrato, o registro objetivo de um corpo a corpo, um recorte de 3x4. avisei mais de trezentas, trezentas e cinquenta vezes: estou disposto a qualquer forma de amor mistificadora. ou qualquer paixão que me incendeie. se você me deseja, produza a cadência de um encantamento. flauta, oboé, fagote: essas são as escolhas de instrumento e princípio. minha maior nudez você encontra nos meus textos, não no começo contido da minha pele. nem no meio. eu entrei no apartamento e da janela quero ver:

2 comentários:

Anônimo disse...

como chora de saudade quem ouve os lamentos da paixão incendiada na música.

Anônimo disse...

Da janela consegues ver um corpo qualquer, uma beleza humana misturada às outras faces da rua?
a paixão pode não ser exatamente alguém, mas talvez a construção do olhar do espectador...

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