21.5.10

me cubro e me deito


honey:

então estamos aqui, de volta ao mesmo ponto fatal. você no mesmo Estado (e onde e com qual geografia esteve antes eu me perguntava). sentiu meu cheiro, beijou minha boca e pensou que houvesse desconfiança no ar. disse que era possível que eu não dissesse a verdade. e eu: acreditava que era a tua boca que não dizia a verdade, embora ainda beijasse bem e com a mesma e reconhecível ternura. acariciei teu rosto, falei do gosto amargo que tive com a despedida. falou, falou eu também, eu também estive em amargura. foi difícil acreditar assim como foi difícil não me derreter diante dos teus olhos que me olhavam. então eu pedi que começássemos com outra sorte, esquecendo o que de antes nos afetou. concordou, concordamos. não entendi de primeiro a recusa a minha casa. mais tarde, no travesseiro, imaginei os cochichos maledicentes de bar. por isso mudou de ideia, mudou de ar. fui embora com a mesma solidão de antes, sem tropeçar nas ruas, só não me senti perdido desta vez. talvez fosse a mentira no ar, bolinando minhas narinas. talvez. mas eu só saberia amanhã. ou depois. mas sem esperar nada, sem expectativa de mais. (é mesmo triste assim o amor que já se foi). volto pra casa, me cubro e me deito. não mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

fascinante como sempre...

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