7.8.10

lory


my dear:

são as arraias da vida. às vezes a areia movediça, às vezes os últimos três quartos da noite. não quero precisar o momento exato. desconheço a necessidade dos números para tratar do que é mais leve e abstrato. tudo que sei, baby, é que depois de uma incalculável espera, na qual o vazio absoluto imperava, meu espírito olhou o teu. e depois: centenas de milhões de soldados marcharam pelas ruas, carregando bandeiras vermelhas, comunistas. disseram que uma estrela cadente riscou o teu nome no céu. foi um evento astronômico que não pude captar, já estava perdido nos teus lábios, sem rota, sem quadrante, sem desejo de me reencontrar. era tua percepção de pele ou era seu medo à flor da pele que abria um murmúrio: 'só pode ser um sonho'. eu já nem conseguia replicar sem que os ossos da voz tremessem. o tempo era urgente, o mesmo instante da fome feroz. por isso eu precisava dizer com os pedaços do meu corpo 'fique comigo, não me deixe'. quanta tortura de espírito não existiu no momento em que precisaste partir. era a lembrança da ausência tua que mais me assustava. uma ausência da minha vida que não se fará mais longa, cause my heart has found its home.

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