28.8.10

provençal

honey:

o espírito adormece, tranquilo. tudo porque estou em estação de águas, vivendo o primeiro de março intensamente. assim é: o desejo de ti me suaviza, me faz ingênuo, criança, pueril. me leva a colher flores no jardim da memória: do jasmim lembro o cheiro adocicado; do gerânio aceito as cores e a capacidade perene; do jacinto recordo a taxionomia liliopsida, a mesma dos lírios e de suas bocas prontas de beijos; do girassol evoco seu heliotropismo para o astro luminoso, o sol que tanto adora quanto eu adoro tu;  e ainda posso falar de duas em duas, da tristeza do junquilho quando não te tem por perto e do significado emotivo da gardênia, agradecida quando te aproximas de mim; da capacidade de ferir da jussara e da saudade e do colorido da gerbera, tão extravagante quanto eu-e-tu em sorrisos de reencontro; da fixidez da jandaia-do-chão quando tu não podes e da seriedade da gravatas quando eu trabalho. não entendo muito de flores, entendo mais dos amores dos quais já morro por ti, e vou me sentindo assim, tão trovador e cancioneiro, questionando a natureza sobre teu paradeiro, bem dom dinis, assim: ai flores, ai flores do verde pino, ai flores, ai flores do verde ramo, ah, flores, porque eu te amo tanto, ando regando a terra das palavras, deixando florescer poesias e cartas, bem do tipo daquelas ciladas discursivas, um tanto ridículas como tu terias dito um dia, mas tão esperadas por serem o termômetro da paixão. ai flores, ai flores da bruta cor, por onde estará agora o meu amor?

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