3.9.10

palpite 2


honey:

os correios não quiseram entregar minhas últimas cartas. estavam pesadas de tantas carícias, de tantas repetições de verbo, de tantos enunciados de mel. como fazer então para que possa receber o afeto encerrado no meu peito? talvez não seja com palavras, não, eu entendo. é o meu corpo pesado de carícias que preciso entregar ao teu. e de verdade, e ao vivo. e a esse peso precisaria misturar todo jasmim e todo gerânio, todo jacinto e todo girassol, todo junquilho e toda gardênia. talvez trazer mais: a rosa, o hibisco, o cheiro amassado de sálvia e de coração. eu preciso dizer - é imperativo, quase - preciso dizer o quanto é sincero, verdadeiro e forte: a taquigrafia feita agora neste papel. não me diga que espera que eu volte (eu nunca parti da frente de teus pés), nunca espere eu aceitar o teu adeus (eu nunca deixaria que partisse de mim). espera, por favor, abre tuas asas agora em pleno vôo: sinta na boca a leveza deste peso. sinta: eu te beijo, demorado, dos dois lados do rosto, sinta, eu te beijo, na boca, demorado, sinta, eu te beijo, eu te amo. (eu te dei-me).

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