29.8.15

o amor de saturno

my-oh-my,

depois que o tempo depôs o vento, vieram vindo. não eram muitos, mas eram violentos os eventos. a poeira sobre a terra, as nuvens, o córtex das águas. tudo. era quase impossível ver. a velocidade de deslocamento era de quatrocentos mil quilômetros por segundo, sem dó. e, em seguida, não havia mais pó, apenas uma nuvem de gás no espaço, só uma radiação invisível e mutiladora. por seis dias, desde que o planeta saturno sumiu, os continentes não se mexeram, as águas não subiram, os animais não se moveram. eram diamante e âncora de antebraço procurando um ponto-e-vírgula. e, sem nem acreditar, decalcando do impossível o ser-verdade, a tarde trouxe: na arquitetura medieval das areias, um príncipe. eu sou eu, eu sou seu, soul. os anéis eram duplos, como par e como promessa, sem pressa de se separar. deus, cura-me, cura-me com este nome curado por deus. (a prece, para quem reza de core, desce, lentamente, dos céus). a tempestade solar caiu queimando tudo, selando os espíritos, os corações fiat lux. nos seiscentos dias seguintes - um pouco mais talvez - as luas foram de mel. por fim, poesia-de-fim-de-dia, lá longe, um flamingo voou da carne e fez do rosa uma estrada majestosa do amor.

.: marcio markendorf

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