14.7.05

correspondência. íntima.


my dear,

não sei o que dizer a você. acredita mesmo que o ciúme é vaidade? mas de que lado? do ciumento ou do objeto de ciúmes? não concordo com sua teoria. podemos muito bem nos sentir vaidosos por alguma coisa, mas amor não é propriedade, bem material ou conquista de lugares. não me vejo com bandeiras, cercas de arame farpado, marcos que delimitam posses, fronteiras secas e intransitáveis. acho que se existe contrabando, travessia de limites, então não é amor, me perdoe. não me dê desculpas ou justificativas de desejo. não acredito nelas e sei bem que pode zombar de minha concepção um tanto infantil do que é amor, mas não me importo. mas penso que pode ser vaidade você se descobrir tão desejado por alguém que tanto quer & gosta & ama. acho mais lógico, mais bonito. às vezes suas teorias me enervam, mas me fazem pensar. mudando de assunto, tenho que confessar que não tenho mais escrito nada, nem um poema. e penso que descobri a causa. lendo sylvia plath, você sabe como gosto dela, percebi que a melhor literatura sai diretamente do mundo real, de situações reais “através das quais os grandes deuses representam o drama de sangue, sensualidade e morte”. eu preciso de experiência, como preciso. preciso viver uma vida para escrever um livro, de outro modo não seria. e preciso entrar pelo sangue, pela sensualidade e pela morte, os mesmo elementos que fundamentam o amor. perturbador? não se assuste, só quero dizer que preciso amar, entrar com meu coração pela fornalha, para depois entrar pelo corpo da escrita, já cansada e sem notas. mas sou eu quem estou cansado, não tenho dormido bem. continuo tendo sonhos perturbadores, todos em preto e branco, perseguições, fugas, gritos, gente que não conheço, casas abandonadas. tenho medo que seja minha vida interna refletindo o que há de externo e não vejo. coincidências ou fantasias? recorrerei ao livro de freud. a leitura sempre me dá respostas para vida. insights. me perdoa por não escrever muito? saudades.

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