exílio.foi aqui que você me colocou. nem poderia ser diferente, basta saber de que lugar eu falo: do centro de uma ilha.
não tão centro, talvez no coração, o lado esquerdo e mais próximo de mim. por isso sinto esse pulsar nos meus pés, essa transpiração de artérias, esse gosto suado de sangue. me deixou aqui, sem me dizer de que lado ou de que jeito deveria esperar. por notícias em suspensão? nem é essa a natureza da notícia: ela é imediata, tão logo se passa, torna-se velha. ninguém gosta de ler os jornais de anteontem. mas não se preocupe, já me preparo para esta noite: luz lá fora, frio lunar, luau ao redor da praia. sem fogueira, sem taças, sem esteira para se deitar na praia, sem música romântica. outro clima: bebida barata correndo de copo em copo, tendas coloridas, som eletrônico. talvez alguém cuspa fogo, um malabares apareça. moderno sim. mas eu vou te olhar do outro lado, te seguindo, com o mesmo romantismo ultrapassado, de século passado ou mais anterior ainda. foi feitiço? por que sou tão invisível assim? não me vê aqui, sentado e quietinho te esperando? nem se importa se está chovendo e estou do lado de fora? então me sinto assim: o coração enfiado na calha, enrolado na roupa suja, ou mesmo entre duas paredes, num buraco de rato.eu já sei o que vai dizer: fica para outra. sou teimoso, ainda te espero ouvir. meus olhos te acompanham, eu não disse? mesmo daqui, onde não te vejo, eu já sei do teu curso, do teu rumo, do desvio de rota. você volta? ou vai fazer contorno? o que a noite não pode me dizer, eu vou buscar: 'coração põe na mala'.
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