16.7.05

diários.sonífero.



nem sempre. mas às vezes velhos, antigos deuses retornam. os mesmos que desceram ao mundo dos vivos, iludiram, amaram e desapareceram em carros de fogo. sonhei a noite toda com deuses, espartilhos, rainhas, reinados, piscinas de água suja, ocenos lodosos. jung dizia que a água representa o inconsciente. lodo e sujeira na psique? se bem que ando pensando em coisas e descobrindo tantas outras. pode ser que não tenham percebido, mas senti a picada da mentira, e minha garganta se encheu de espuma, cuspe, sangue e veneno. tive medo de entrar na água, e, antes, inspeção médica: micoses nos pés, um médico e uma enfermeira numa sala imunda que mais parecia um banheiro público. se essa água for um retrato interior então eu estou adoecido, enlouquecido com tanta imúndicie. ou vai ver que eu queria me limpar de tudo aquilo, e não tinha coragem [ou possibilidade]: não me atiraria em águas pantanosas. e os deuses onde entram? no que me dizem, nesses sussurros encardidos no ouvido, nessa língua afiada e sexual. o desejo pulsa.para minha surpresa, ainda estou pulsando. mas eles, os deuses, não entrarm, saem. fecho a cortina e estou bem.

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