8.8.05

correspondências.ascendências e tonalidades.




escrevo com ares de correspondência imprópria, carta sem selo ou carimbo de correio, meio desconfiado, olhar enviesado. my dear, escrevo como quem mente, finge estar na frente, mas está a dois passos atrás de tudo. me adivinhe pelos rastros, sabe bem o que é verdade, o que é mentira cifrada, decifrada: flores de acanto, gregos gatos miam no canto do muro, enquanto mulheres sedutoras engolem de pronto tantos encantos, acantos e gatos. entendeu? jogos infantis, nosso jogo, meio amarelinha lingüística dobrando pelo desejo da tua língua.
my dear, hoje chove, faz frio lá fora, aqui dentro o apartamento é gelado, me dá vontades de leite quente & cobertor & deitar do teu lado. leão ascendente em peixes, combina? tudo meio simbólico, talvez periclitante, perigo de patas e de águas. quem sabe nem tão perigoso, se for mais de perto, ou mais doce, como bocas-de-leão, tão coloridas, aguadas com saliva de beijo e de beija-flor. o que a distância não faz: te altero tanto assim? que bom ser o primeiro por você que já me vira do avesso. me escuta: te quero, mas não leia o que escrevo, entenda o que eu sinto, mais perto, bem perto, aqui do lado, no coração.

post scriptum: estou um chato de galochas, não um gato de botas, mas te escrever me muda o tom. beijos.

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