10.8.05

correspondências.sonho.temporal.



my dear.

tenho recebido terrores noturnos, um sopro de fantasmas e espectros, um futuro cheio de musgos e vacilos: ninguém atravessa a ponte. um deus lunar ou marinho me sublinha, incorpora meus desejos. e me preocupo: depois do sono quem vai traduzir meu corpo em texto e meu texto em língua de corpo de novo? me lambe, por favor. tal correspondência, qual destinatário. eu invento, me desculpe, mas também sinto. e sinto muito pelos enganos e as meias-verdades. nunca se diz tudo, sabia? para confessar tem que ficar de joelhos. eu não. eu escrevo em pé ou sentado, nunca querendo rezar uma ave-maria depois. mas espera, quero te dizer: não demora para voltar [mas estou dizendo isso a oito dias: uma linha temporal partida precisa ser revivida com exatidão?]. foi culpa desse temporal, que me deixou sem fala: fios, raios, sem rádio. o fluxo no espaço-tempo é capcioso, meio cápsula também, que me enrola. onde está você e onde estou eu? deixa passar o que for vendaval e sonho mal, entra nesse túnel comigo, vamos ver onde vai dar. mas de mãos dadas, bocas entrelaçadas, beijos estalados.

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