8.8.05

notas biográficas: sombras, escuro.



ainda é escuro, abro os olhos de novo, escuro. por que tem que ser assim? já não sei o que faço, aprende coração, seu estúpido. um muro de velhos cadáveres, risco com giz todos os nomes, e ainda vejo fantasmas. que assombro a noite inteira. por que eu fico assim? fico tão colado a antigos rostos, mentirosas promessas, um amor meio avesso, também ferido e sádico. mal me quer, bem me quer, quem me quer eu não quero, quem eu quero não me quer. tantas margaridas coloridas, pisadas, jogo de criança, ciranda. coração, pára, não faz volta, nem me faz de besta. o que é essa demora? você vem, diz tantas coisas, me faz de tonto, acredito. depois me solta, uma roda gigante, alto e baixo. só que só me deixa para baixo, sabia? mas não é culpa sua, eu já me sinto aqui, você só piora. não me estende a mão que eu te puxo, te derrubo comigo. entro num carrossel infernal, não de cavalos de fibra, mas de cavalos mortos, empalhados num esgar assustado. me agarro num alazão, o cheiro de suor me assusta, deito meu ouvido na garganta, ouço a respiração e quase sou derrubado pelos ecos desse galope. falo contigo, não me responde, que pesadelo, ainda nem acordei, está escuro, como a noite, também está frio, tanto quanto é frio e escuro não ter você comigo. [velhos trilhos, velhos sonhos, velhos rostos, tão velhos e tão mortos].

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