2.8.05

notas de aula: história dazartes.



no começo era assim: o homem morava em cavernas e caçava animais. a imagem do animal era essencial, era mágica. então tantos desenhos nas paredes de pedra. como se o desenho fosse uma sombra, fantasmática, como se fosse o próprio. insinuar a lança em mamutes e cavalos rabiscados significava sorte na caça porque, para o homem primitivo, apreender a imagem era anterior a apreender o objeto: capturando o primeiro, capturava-se o segundo. tão simples, tão fácil, tão ritual. a dialética da imagem persiste com o tempo, chega até o homem moderno. faço o que então, com você? agora bem didático: vou rasgando, devagar, todas tuas fotos. faço rabiscos por cima das letras redondas de tuas cartas. deito fora as tuas músicas preferidas e me deito também, vendo tanto pedaço picado, tanta escrita sem vida, ouvindo minha própria e preferida música, [que você tanto odiava]: i put a spell on you, com nina simone: jazz: i put a spell on you/'cause you're mine/ you're mine/ i love ya/ i love you/ i love you/ i love you anyhow/ and i don't care/ if you don't want me/ i'm yours right now. será que você já está longe? acho que fiz tudo errado. não é assim que se vai embora, nem assim que eu te tiro daqui. queria o inverso: te rasgar e te rabiscar era te repelir. e vou ouvindo o que eu já sei: nem me importo se não me quer, eu sou seu. tão lindo. quando vou ter meu próprio filme?

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