3.8.05

notas.outra história de azar.



toma, segura o teu rosto: te fiz retrato cubista, mas não sou picasso, sou outro, arrependido artista. não tenho nome, sou anônimo de resto, invisível e sem gosto, como um gato gasto. toma, segura o que eu te mostro: te colei, remendei teus pedaços mas nunca conseguirei juntar-te todo/ compor-te, colar-te e unir-te devidamente, sylvia plath, colosso. nem você, nem a mim: tem palavras que destroem tudo. então te refaço nessas figuras geométricas, nesse papel picado, letra de carta, selo, teus olhos na foto, passo a língua, vejo tua pose, lambe-lambe, fotografia, colagem. eu te refaço, não me demoro, desculpa pelo monólogo. você tem coragem? espiei pelo teu diário, ainda guardados com nome riscado, a garra gasta de um gato, meus nomes, meus rostos picotados. foi mais cruel, mais cirúrgico, tesoura, bisturi, talvez mais fácil. não tão poético assim, no modo manual, que seja. mas toma, segura o que fiz com gosto: te refiz, me refaça, nem que seja por um desenho doido.

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