27.9.05

notas telegráficas


my dear,

o que eu escrevo é verdade, mas não é verdade de verdade. às vezes é verdade mentirosa, às vezes mentira verdadeira. olha bem pras minhas cartas, me enxerga por trás da letra, percebe meu corpo no contorno do olho, passado à lápis. assim você me descobre, embora tenha que ir fundo no que não digo. fico bem quietinho, te mostro os rascunhos, te mando telegramas com palavras comidas, tão caras e não ditas. eu não te engano, você que se engana com o que falo. desencontros: me encontra depois do ponto. final.
beijos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo este!
Impressionante como é simples, em tom confessional, sem as construções dos outros, mas ainda assim muito de perto. Mordendo e soprando, e querendo sopro sem se deixar morder. Parece outro poeta aqui, escrevendo como se não querendo fazê-lo. Márcio, não tenho intenção de fazer crítica. Vou lendo e deixando umas palavras assim mesmo. São só registros de uma impressão leve.

Pesquisar o malote