21.10.05

melacólicas. nota I.


quanto hidrogênio, gás carbônico, mistura de metal e cano de escapamento. não escapo, me prendo. e fico preso aqui por dentro. lápis e papel, folha de carbono: faço cópias das cópias das cópias de mim. quantas vezes eu vou ser eu mesmo. talvez embriagado com o cheiro do álcool nesse mimeógrafo que vai me fazendo. quantas vezes sou eu mesmo. espelho, espelho meu, quem de mim não vai ser como eu? não encontro esse outro, vou me perdendo no coração labiríntico, vou lambendo as paredes, salivando, mordendo as arestas, os cantos. vou me sangrando nos riscos, dando risos furados, tão caídos e tão caiados quanto os muros deste pavimento. me perco nesses reflexos, me pego fugindo, olhando pra trás, me vejo sendo perseguido, desconexo, desencontro perto ou afastado. e o chumbo desse vidro me que faz em tantos pedaços quando o quebro. que visão me ver aos montes e tão pequeno. e eu não escapo: eu sou eu sou eu sou [um coração]

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