3.11.05

carta. kardecista.


my dear,

fica difícil escrever quando a experiência está reduzida a um denominador comum. todos os caminhos levam à roma, todas as cartas levam a mim. e ainda ouço conversas estranhas por trás da cortina, ouço o ranger do portão, o galo de vento cantando no telhado, as pisadas no piso de taco. e também me deito e escuto atrás da porta: 'foi guerreiro, pablo, você está aqui, de volta, para a busca maior'. e não sei o que querem dizer - um risco na lua, um corte no corpo: na ponta dos pés, no fio da faca, eu venço a madrugada inteira. disseram que a narrativa se perdeu nos tempos de guerra. não se conta mais nada: o que há são notícias. então eu estou em estado de sítio. não posso escrever. envio manchetes, notícias de agência, quase notas de obituário. ei, me escuta. [mudo o tom] me escuta! que passado espiritual é esse que não me deixa? [se eu me olho no espelho, quem eu vejo?: pablo ou eu?]

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