28.11.05

diários: o mar me avisa, me deixa.


eu bem posso ter sido egípcio, um faraó do nilo. e me enrolaram em panos, me embalsamaram e esperaram que eu voltasse. e pode ser que eu nunca tenha voltado. mas ontem eu voltei e chorei por isso, porque me deram a chance de refazer meus rumos. [flashback nº 1]. .....
entro na água do mar, sinto que eu me afasto e que ele me arrasta. nem me importo. agora que eu não tenho absolutamente ninguém no coração [você destruiu tudo, tudo, não ficou nada disposto a tentar: flashback nº2], nem tenho fantasias que me deixem, não tenho sonhos que me deixem sempre, não tenho desejos que me deixem. vivo. dei um mergulho na água gelada, abri os olhos e vi a luz penetrando com seus raios, vi a areia se levantando, vi o que parecia ser o movimento de uma onda, subi para pegar ar. quando me levantei percebi que estava perigosamente perto das pedras, vi que o mar me arrastava com certa vontade, senti que meus pés não tocavam o fundo, senti que eu não tocava mais nada. fiquei afundando na água, sem ter vontade de mexer os braços ou pés, entre o submergir e o emergir eu via a luz do sol, o azul tão grande do céu, eu ouvia meu coração pulsando. e decidi que deveria voltar, voltar pra minha casa, voltar à praia e pedir perdão por ter sido tão fraco [por desacreditar]. e fui tentando nadar em direção às outras pessoas, estava tão sozinho naquela lado do mar, tentei nadar e sentia as mãos d'água me segurando, me fazendo ficar. e estava ficando exausto de bater mãos e pernas sem sair do lugar, estava cansado de não sair do lugar tanto em terra quanto no mar [por onde eu estive?]. fui ficando tão cansado e desesperado: era o fim. e eu não tinha chegado ao fim de nada [conheço bem disso, com minha própria raiz]. e foi porque eu pedi pra tentar de novo, porque eu pedi perdão por estar sendo fraco, que senti as mãos me soltarem, que eu senti alguém me puxando de volta, que eu não perdi a consciência, nem bebi mais água. foi porque eu precisava estar de volta e continuar [sabe bem o que eu procuro e o que quero]. por isso eu voltei. e quase me ajoelhei na areia da praia. voltei cambaleante e cansado, quase desmaiando. e eu só queria outra coisa: viver. viver e amar.
e se eu não fui egípcio, agora eu sou.

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