25.11.05

nota: noite chuvosa.


os galos de vento rangem os rabos na tormenta. meus dentes rangem na cortina. o tecido verde cintila na janela enquanto mapeio os astros colados no teto. ao mesmo tempo em que a neblina me rouba o colorido, me faz tingido de escala cinza. me deixa tão sem graça e tão fingido. e sinto que meus dentes vão se dissolvendo, meus olhos vão se dissolvendo, meu corpo, nem te conto: eu viro água. e qualquer um me pegaria com um conta-gotas. e sinto o tempo mudando lá fora, alguma coisa mudando aqui dentro. ora um clima de tempestade, ora um espectro solar queimando tudo. e nem sei o que aconteceu, mas acho que é o que eu espero que aconteça: empoçado nos tacos do quarto, senti o ar abafado, sufocado, fui evaporando. mistura de água, neblina, os galos me acham rancoroso. nem sou: estou magoado, aguado, escapando. quem sabe eu volto, ou fujo de vez. só que se eu for, não vou parar nunca mais.

Nenhum comentário:

Pesquisar o malote