23.12.05

correspondências: bilhete, narcisos.


my dear,
me diz, me diz o que eu faço com esse suor frio que escorre pelo meu corpo, esse arrepio prateado, calafrio de um jazz tão sujo e sufocado. alguém me diz o que eu fiz de errado nas últimas horas, pra eu me sentir assim, tão cheio de impropriedades e tão cheio de dedos. mas se eu calço essas luvas, é pra não te dizer dos meus desejos, pra te seguir sempre no escuro, em segredo. chego a perder a noção do tempo, se é que o tempo me dá uma noção exata dos pensamentos em que me perco. e agora me diz o que eu não fiz se tudo que sei é não dizer a verdade e dizendo a mentira eu sou tantos outros eus que nem sei mais qual número cardinal me define. me diz agora qual palavra de amor eu não te disse ou em qual espelho eu não te olhei, me diz agora, sem pensar, qual dois dois lados continua sendo eu, em que lugar o amor próprio se perdeu.

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