4.1.06

anotações do diário privado.


quantos fantasmas ainda me visitam e me falam ao pé do ouvido as coisas que não quero. quantas vezes eu já não fechei as portas tentando impedi-los, não querendo ouvi-los de modo algum. e eles já não tem medo: aparecem de manhã ou à noite, me escrevem cartas, me falam ao telefone, invadem minha rede. e já nem tem medo porque sabem que eu os temo. não porque eu creia em fantasmas, mas porque acredito em conseqüências e tenho medo delas. acho que tenho mais medo de mim do que destes espectros vivos. eles sussuram no meu ouvido o que esperam que eu seja, me sugerem caminhos, me tiram a tranquilidade. bem verdade que me enlouquecem a ponto de eu pensar se devo. melhor nem dizer. tudo aquilo que não se nomina não provoca medo. ninguém tem medo do que não tem nome. e se eu não digo ou finjo não saber, fica mais fácil resistir. e se eu dissesse a verdade, quem sabe essas vozes se fossem, ou quem sabe ainda quisessem saber, e ficassem, pra ver tudo aquilo que eu não fui, e sou: eu sou eu sou eu sou eu. não páro de dizer a mim mesmo. e bem agora eu vou te dizer o que não minto, mas omito: eu estou marinho, estou deus selvagem.

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